Foto de Roberto Muccillo |
Embora seja romântico, meu poema “Ivone” não foi criado com esta intenção. Ele surgiu em 15 de agosto de 2009 durante um encontro do Nos Lemos – Coletivo de Criação Literária. Habitualmente realizávamos exercícios de criatividade e neste dia o objetivo foi criar um poema a partir de palavras específicas.
Cada participante deveria listar
num pedaço de papel:
- o nome de uma árvore;
- o nome de um mar, oceano ou lagoa;
- o nome de um personagem de ficção;
- uma máquina.
Terminada as sugestões, cada um passou
a sua lista para o amigo da esquerda, recebendo outra do amigo da direita. Em
cerca de meia hora deveríamos ter poemas prontos, utilizando as palavras
recebidas.
O meu nome de árvore foi laranjeira,
linda, inspiradora. O Atlântico surgiu na categoria mares, forte, belo. Mas
então os problemas começaram. O personagem de ficção que eu recebi foi o Pernalonga.
Como eu iria utilizar esse coelho num poema? Mas ficou pior. A máquina que eu
deveria citar era retroescavadeira. Desde quando isso poderia ser poético?
A partir daqui eu não lembro mais.
Minha mente deve ter acessado todas as técnicas que eu aprendera no último ano
no que diz respeito à métrica e ritmo. De alguma forma fiz conexões malucas,
testei possibilidades, rimas, entrei num desses inexplicáveis fluxos de criação
e o resultado foi este:
IVONE
Pé de laranjeira,
Peito virou ciclone.
Pele aroma nogueira,
Pelo nome Ivone.
Perna longa, pé pequeno,
Face rubra, lábio obsceno.
Olhos verde mar
Pacífico, Índico, Atlântico.
Sorriso azul rio
Nilo, Sena, romântico.
Pena... Ficou no passado.
Nem retroescavadeira
Resgata esse amor.
Vou por aí cantando fado,
Nessa vida vil rameira.
IVONE
é uma das obras do e-book POUCO AMOR, CERTO RANCOR, SEM PACIÊNCIA E MUITA DOR
que reúne meus poemas e a arte de Roberto Muccillo, disponível muito em breve.
Nelson São Bento
Muito bom! Vou acompanhar as novas postagens.
ResponderExcluirEsse exercício foi muito bom.
ResponderExcluirEra um momento em que estava encasquetado com retroescavadeira e paralelepípedo como elementos alavancadores da escrita. Ainda bem que o caleidoscópio gira...